sexta-feira, 17 de abril de 2009

O post que faltava

Gosto muito de ver a série "Anatomia de Grey", deixei de a acompanhar, praticamente desde que o meu filho nasceu mas, a meu pedido, o meu querido marido tem-me oferecido os DVD que vão saindo. Isto vem a propósito de ontem finalmente ter começado a ver os episódios que não pude ver, e ao ouvir o genérico, uma série de memórias me terem vindo à cabeça. Durante a minha gravidez via a série em dose dupla, à noite e de manhã (dava na fox live) e não perdia um único episódio. Quando o meu filho nasceu fazia questão que, a hora em que passava o episódio, eu estivesse sossegada no meu sofá, em frente à televisão. Caso o João chorasse o pai acorria. Hoje, a esta distância, julgo que esta necessidade de ver a série era uma forma de me agarrar a minha anterior realidade, precisava daquela hora como do ar para respirar. Recordo-me que na altura a rotina era o nosso filho ficar na sala connosco até mais ou menos às 23 horas e depois o levarmos para o nosso quarto. Eu, religiosamente, ficava a dormir no sofá até o meu marido se deitar, nunca antes das 3, 4 da manhã. Não percebo porque é que o fazia, acho que tinha "receio" de ficar sozinha com o meu filho. A partir daí o meu comportamento foi sempre o mesmo, distante, à defesa, pautado por (pre) conceitos tais como, evitar dar muito colo, não o embalar para o adormecer, não o levar para a nossa cama e outros que eu ia ouvindo ou lendo nos imensos livros que comprei durante a gravidez. O tempo foi passando e eu fui ficando cada vez mais triste, não me sentia completa como mãe, não me sentia ligada ao meu filho. Não percebia o que se passava, afinal, eu "tratava-o" bem, dava-lhe carinho, estava sempre com ele, preocupava-me com o seu bem estar... o que é que se passava? Estou convencida que foi resultado da depressão pós parto que me assolou, que me deixou apática, distante, medrosa e infelizmente, centrada no meu umbigo. Pedi ajuda, tomei antidepressivos e lentamente fui melhorando, aprendendo a usufruir do meu novo papel de mãe. Actualmente dou colo ao meu filho, sempre que ele pede e quando a mim me apetece, embalo-o antes de o deitar, canto-lhe canções, estou o tempo que for preciso com ele no quarto, até que ele queira dormir (não o adormeço pois ele fá-lo sozinho). Se ao fim de semana me pede para dormir a sesta na minha cama, pois claro que sim, e fico com ele deitada na cama, e sabe-me pela vida. Se só come sopa em frente à televisão, que se lixe, é para a sala que vamos. O que interessa, é que sou feliz assim, nutro pelo meu menino um amor imenso e é, sem sombra de dúvida, a coisa mais preciosa que tenho. Hoje estamos ligados sim, como julgo que sempre estivemos, embora separados por um muro que eu própria criei. O meu filho, sente a minha falta, procura-me quando não estou, abraça-me dá-me beijos (q.b. que ele não é muito beijoqueiro), faz-me festas, segura-me na cara e encosta a sua bochecha à minha e eu sou feliz.
A depressão pós parto existe e devemos pedir ajuda.

10 comentários:

  1. Só damos conta de como éramos, quando melhoramos, não é Mariah? Ainda bem que te reencontraste e percebeste muitos porquês. Ainda bem!!!! E agora tb me apetecia postar sobre a Anatomia de Grey, episódio de ontem!

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  2. Ainda bem que má fase passou e que te sentes bem...
    Qto à anatomia de grey, tb vejo...só que saco da net...

    bjs

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  3. Conseguiste ultrapassar essa fase menos boa e dares-te ao teu filho... Que bom!

    Cristina

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  4. Ler-te agora é a confirmação daquilo que senti quando te vi desta última vez. Estás diferente, mais feliz, sem dúvida.

    Fico muito feliz por ti, minha querida. E pelo João, também.

    Beijo grande

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  5. Ainda bem que pediste ajuda e ultrapassaste!
    Nunca vi a Anatomia de Grey :P Tenho que ver! Toda a gente fala nela :PPP
    Beijo

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  6. É bom ver como o "tom" das palavras mudou. O que interessa é que te sentes bem e o João também. Ainda bem que a fase má passou.

    Beijos

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  7. "A depressão pós parto existe e devemos pedir ajuda". Sem dúvida, e confesso que me apetece bater nas pessoas que dizem "ah, agarra-te ao teu filho" ou "com uma coisinha linda dessas estás ocm depressão"... enfim, até parece que estar deprimida é uma escolha :s.

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  8. Mariah, que bom ler este post!

    Acompanhei essa fase e doia-me a alma de ver como sofrias.
    Como diz a Luz, só nos damos conta quando melhoramos.

    Tudo de bom Mariah, que te sintas sempre assim ligada ao teu menino, e acima de tudo feliz!

    Beijo grande

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