Se há coisa que me deixa fora de mim são as frases feitas de como é uma
sorte eu ainda ter trabalho e de que há quem esteja pior que eu. É que eu
considero que fiz tudo o que tinha para fazer na vida para poder ter direito a
um trabalho remunerado e a uma vida desafogada (isenta de luxos, obviamente).
Estudei (com sacrifício dos meus pais), tive trabalhos temporários que nada
tinham a ver com a minha área de estudo, fiz estágios (mal remunerados), sempre
paguei os meus impostos, sou honesta, nos locais onde trabalhei cumpri com o me
era solicitado, atualmente encontro-me a tirar a segunda licenciatura...
Obviamente que me desagrada chegar aos quarenta anos e não ter perspectiva de
futuro, aperceber-me que ando de "cavalo para burro" em termos
profissionais, ter que pedir dinheiro emprestado à minha mãe para fazer face às
despesas correntes, não ter dinheiro porque, infelizmente, tive um acidente que
me impossibilitou de trabalhar durante cinco meses.
Acho que pelo menos, tenho o direito de me revoltar e de me indignar e não
estar agradecida por estar. este ano, pior do que estava há dois ou há três
atrás, quando tudo fiz para estar melhor. Estou fartinha da conversa de
escravos, que por aí anda, fartinha mesmo. Será que as pessoas não se apercebem
que a intenção é mesmo essa: transformar-nos em escravos, medrosos, amouxados e
resignados.
Tens toda a razão. Mesmo toda. A conversa do tens muita sorte tira-me do sério. Eu também a ouço, incrivelmente há quem ache que tenho muita sorte, e sim, trabalhar naquilo que se gosta é infelizmente uma sorte hoje em dia, mas se começamos a nivelar tudo por baixo, qualquer dia começamos a pagar para poder trabalhar. É que já faltou mais.
ResponderEliminar(estou tão farta da falta de coesão social...)
Beijos