Há algum tempo tive uma revelação. Chamo-lhe assim, porque na verdade mudou a minha vida. Passamos a nossa existência a ser intoxicados com ideias preconcebidas que, sem nos apercebermos, nos trazem muitas vezes, dor, apreensão, e culpa. Falo mais concretamente no amor incondicional dos pais para com os filhos. No que a mim diz respeito, não tenho duvidas, desde que tenho o meu filho, sinto que irei amá-lo sempre, mesmo que se transforme, num bandido, num racista, num xenófobo, mesmo que seja burro, seja ele o que for vou amá-lo sempre. É das poucas certezas que tenho na vida. Agora não acho que seja uma verdade universal, explicada por religiões, genéticas, adn e afins.
Vem isto a propósito da revelação que acima referi, que foi somente o seguinte pensamento: o meu pai não gosta de mim. Após ter tido este pensamento, e nele ter acreditado, uma paz, uma serenidade indescritível se apoderaram de mim. Foi como se tudo se encaixasse perfeitamente. Como é que nunca deixei que este pensamento me surgisse na mente antes? Teria com certeza poupado dinheiro em terapias e antidepressivos, quiçá teria aproveitado melhor a minha vida. Acreditem que faz todo o sentido, não vejo mais explicações para o facto de, quando visito os meus pais, ele praticamente não me falar, para o facto de não ter qualquer memória de um gesto de afecto, por mais pequeno que fosse. Para o facto de ele nunca se ter interessado pela minha vida e por aquilo que faço (acreditam que ele não sabe onde trabalho nem o que faço?!!). Não gostar de mim, justifica a indiferença total (por vezes desdém, mesmo) que sempre demonstrou pelos poucos feito que fui conseguindo ao longo da minha vida. E não me venham dizer que está relacionado com a educação que teve, em que um homem demonstrar os sentimento é sinal de fraqueza. Conheço pais assim, mas mesmo esses, em determinados momentos da vida, deixam transparecer o afecto que sentem pelos filhos. São pequenos gestos, mas existem.
Para mim é claro, o homem não me grama, e digo-o sem ponta de mágoa, sem ponta de raiva ou ressentimento, porque para conseguir ser um pouco mais feliz eu só precisava que este pensamento me surgisse com esta clarividência e com esta certeza.
Enquanto não resolveres essa questão nunca estarás bem contigo. Comigo passa-se o mesmo, vê como são parecidos os nossos sintomas, uma mesma razão, e só há pouco tempo, eu percebi que o todo o meu desiquilibrio advinha daí mesmo, daquele homem, que mora a 10 minutos de mim e que que já cheguei a passar meses sem o ver e sem me lembrar sequer que ele existia( o que para mim é triste, muito triste), o meu sempre me levou à loucura, ele proprio desiquilibrado, só pode. Mas ao contrário do teu sempre teve gestos de afecto e muita revolta por eu lhe dizer na cara que não gostava dele. Mas as atitudes dele sempre foram muito antagónicas. E em criança sempre lhe disse na cara que não gostava dele. Foi sempre uma relação de braço de ferro, até que um dia descobri que gostava dele, e muito. E juro que até aos meus 16 anos pensava que não gostava dele. Afinal tinha, sim, uma grande mágoa guardada no meu coração, e fui eu, a filha rebelde, aquela que ele dizia não ser sua filha, que ficou ao lado dele, de dia e de noite quando adoeceu, e esta hein?
ResponderEliminarHoje em dia também já comecei a arrumar mais as coisas na minha cabeça. O meu grande problema sempre foi ele e a falta que me fez como pai, como amigo, toda a vida. Cresci insegura, com baixa auto-estima (porque sempre me disse na cara que eu era burra e que nunca seria nada na vida e ainda há pouco tempo me disse que a minha irmã era uma senhora doutora e eu uma professorazeca... auch).
Mas tenho vindo a relativizar tudo isso, a tentar aceitar que ele é assim e que no fundo tem algo de bom e eu sei, sempre soube, que gosta de mim.
Hoje até acho que sempre admirou a minha rebeldia, porque das únicas coisas que eu tinha como um elogio, da parte dele, e que hoje consigo perceber, foi o facto de ele para muitas vezes a olhar para mim pensativo e dizer que eu era mesmo igual à mãe dele (pessoa que mais admira à face da terra). A maturidade vai-nos trazendo alguma compreensão das coisas que na adolescencia são impossíveis entender, não é?
Beijos gigantes, espero do fundo do coração que encontres o teu caminho, sempre me revi tanto nas coisas que escreves...
Enquanto não resolveres essa questão nunca estarás bem contigo. Comigo passa-se o mesmo, vê como são parecidos os nossos sintomas, uma mesma razão, e só há pouco tempo, eu percebi que o todo o meu desiquilibrio advinha daí mesmo, daquele homem, que mora a 10 minutos de mim e que que já cheguei a passar meses sem o ver e sem me lembrar sequer que ele existia( o que para mim é triste, muito triste), o meu sempre me levou à loucura, ele proprio desiquilibrado, só pode. Mas ao contrário do teu sempre teve gestos de afecto e muita revolta por eu lhe dizer na cara que não gostava dele. Mas as atitudes dele sempre foram muito antagónicas. E em criança sempre lhe disse na cara que não gostava dele. Foi sempre uma relação de braço de ferro, até que um dia descobri que gostava dele, e muito. E juro que até aos meus 16 anos pensava que não gostava dele. Afinal tinha, sim, uma grande mágoa guardada no meu coração, e fui eu, a filha rebelde, aquela que ele dizia não ser sua filha, que ficou ao lado dele, de dia e de noite quando adoeceu, e esta hein?
ResponderEliminarHoje em dia também já comecei a arrumar mais as coisas na minha cabeça. O meu grande problema sempre foi ele e a falta que me fez como pai, como amigo, toda a vida. Cresci insegura, com baixa auto-estima (porque sempre me disse na cara que eu era burra e que nunca seria nada na vida e ainda há pouco tempo me disse que a minha irmã era uma senhora doutora e eu uma professorazeca... auch).
Mas tenho vindo a relativizar tudo isso, a tentar aceitar que ele é assim e que no fundo tem algo de bom e eu sei, sempre soube, que gosta de mim.
Hoje até acho que sempre admirou a minha rebeldia, porque das únicas coisas que eu tinha como um elogio, da parte dele, e que hoje consigo perceber, foi o facto de ele para muitas vezes a olhar para mim pensativo e dizer que eu era mesmo igual à mãe dele (pessoa que mais admira à face da terra). A maturidade vai-nos trazendo alguma compreensão das coisas que na adolescencia são impossíveis entender, não é?
Beijos gigantes, espero do fundo do coração que encontres o teu caminho, sempre me revi tanto nas coisas que escreves...
Ui... isto bloqueou, pensei que tinha perdido tudo o que tinha escrito e quando aqui vim ver isto estava postado umas 4 vezes... num percebi, sorry. podes apagar as que estão a mãis,lol.
ResponderEliminarMinha querida Mariah, tanta sabedoria nas tuas palavras, ajudaram-me muito. Gosto muito de ti, és verdadeira.
ResponderEliminarUm beijo grande.
Que triste realidade e que palavras duras. É triste. Mas ainda bem que, agora, te sentes melhor encarando a realidade como a descreves. Mas será mesmo assim?
ResponderEliminarÉ me muito dificil compreender situações como a que descreves porque para mim o pai e a mãe são aqueles que nos deram a vida e cujo amor deveria ser incondicional apesar de aqui e ali poderem haver pequenas divergências, próprias até da diferença de idade.
ResponderEliminarNão sei bem como se pode ultrapassar isso mas que consigas arranjar formas de impedir que isso te continue a magoar.
Beijos
Que post duro... mas tão claro! Também não conheço este tipo de situação e só a posso imaginar... É preciso muita coragem para admitir para nós mesmos o que mais nos custa! E que belo dom da escrita... o perfeito aliado para deitar cá para fora todos os demónios que nos devastam por dentro! Um grande xi coração Mariah
ResponderEliminare qual seria o motivo para o teu pai n gostar de ti. Mariah?
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