quinta-feira, 5 de julho de 2007

O Parto

Vou aqui tentar relatar o meu parto. E digo vou tentar, porque a esta distância, todos os acontecimentos parecem um pouco difusos, o que me deixa um pouco triste.

A data prevista para o nascimento do Z. era 18 de Dezembro, mas ele acabou por nascer a 20, isto depois de terem sido marcadas 2 datas. Pois é, o meu pequenino esteve sentadinho quase toda gravidez. Por este motivo, na consulta das trinta sete semanas a minha médica marcou a cesariana para dia 9 de Dezembro. Segundo a médica e aquilo que eu li, se até às trinta e duas semanas o bebé não der a volta, a partir daí raramente o faz. Raramente, porque para grande espanto nosso, na consulta das 38 semanas, sua excelência já tinha dado a voltinha. Dia 9 fica sem efeito. Fartei-me de chorar, não me levem a mal defensoras do parto natural, mas eu já estava tão mentalizada para a cesariana que fiquei em choque. Nos CTG que fui fazendo, nada de contracções, colo muito alto e "verde" (como dizia a minha médica). Decidiu então pela indução do parto e nova data, 17 de Dezembro. Dia 16 vou ter com médica ao hospital onde se encontra de serviço, para que ela me faça o belo do toque. O colo está mais mole e o bebé está óptimo. Sugere-me esperar mais uns dias, pede-me para fazer grandes caminhadas e marcamos o grande dia para 20 de Dezembro.

É muito estranho ter data marcada, fiquei atenta a todos os pormenores, última noite a dois, ultimo jantar a dois, etc, etc. Não preguei olho nessa noite, estava demasiado nervosa e ansiosa.

Finalmente dia 2o, uma quarta feira fria mas com sol e um céu azul lindo de morrer. Cheguei à CUF com mais de meia hora de atraso da que tinha marcado (a falta de pontualidade é um problema crónico que me acompanha desde sempre, mas que eu detesto!!), e na recepção deparo-me com pelo menos umas 8 grávidas!!! Mais tarde explicaram-me que este "congestionamento" se devia à proximidade do Natal, ao facto de alguns médicos irem de férias, e ao desejo dos pais de que os seus filhos nascessem ainda em 2006 (para não se atrasarem no início da escola). Como é óbvio isto veio reflectir-se no tratamento que me foi dado no hospital.

Para começar não tinha um quarto livre, esperei algum tempo e acabei por ir para outro que não era o que me estava reservado (para onde fui depois do Z. nascer). Só por volta do meio dia é que tudo começou, em primeiro puseram-me a soro e só muito mais tarde é que ligaram o CTG e iniciaram a indução do parto. Num ápice passei dum estado normal, para um estado de sofrimento atroz, com muitas dores e sempre a vomitar. De repente o CTG deixa de funcionar, o mau marido vai chamar uma enfermeira mas ninguém aparece, ele voltou uma série de vezes mas ninguém aparecia (consequência do "congestionamento"). Quando finalmente aparece uma enfermeira, bastante antipática por sinal, que estica as fitas com toda a força, dá um toque na máquina e vira costas. O meu marido não queria acreditar no que estava a ver, pois o CTG ficou tal e qual estava, isto é, mudo!! Eu já desesperada, comecei a gritar para que o meu marido me desamarrasse as fitas, porque não aguentava as dores. Entretanto a minha médica ia ligando para meu marido, para se ir inteirando do que se estava a passar. Quando num desses telefonemas, ela soube que eu estava sem CTG, veio a correr para o hospital, foi o melhor que me aconteceu. É minha médica há mais de 14 anos, a minha confiança nela é total, para além de sentir um carinho especial por ela. Ela chegou e com um novo CTG, pois o outro afinal estava avariado. Mais um toque, mais dores, dilatação mínima. A partir daqui não me lembro da ordem das coisas, se me rebentou as águas, antes da Epidural, se foi depois, quando é que foi, a que horas, pura e simplesmente não me lembro. Lembro-me sim, que depois da epidural, foi o paraíso. Por volta das 19 horas, estava apenas com 3 dedos de dilatação, mais sofrimento, mais desespero. Por volta das 19h30 a minha médica resolve seguir para a cesariana, pois não estava a fazer a dilatação, algo que ela receava, devido a uma pequena cirugia ao colo do útero feita há uns anos atrás. Por fim às 20h06 o meu bebé chorou para mim.

Agora a esta distância e depois de ter lido alguns relatos de partos, não posso dizer que foi muito difícil, mas na altura....

3 comentários:

  1. Eu também demorei imenso a fazer a dilatação mas não tive a sorte de me fazerem cesariana.
    Também te arrebentaram a bolsa de águas com as mãos? Não é pavoroso? Nunca vou esquecer o sofrimento que foi.
    Ao ler o teu post e um outro de outro blog decidi-me a acrescentar mais detalhes ao relato do meu parto antes que me esqueça... quando tiver tempo acrescento ao meu post de 29/04.

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  2. Foi com as mão sim, e foi muito, mas mesmo muito desagradável. Acho que deves registar, porque sinceramente há pormenores que, a esta distância, já não me recordo.

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