Hoje apetece-me fazer uma espécie de balanço destes últimos 10 meses, em que minha vida se modificou completamente. As modificações começaram quando soube que estava grávida, embora de uma forma muito ténue. Nunca foi o sonho da minha vida ser mãe, não o escondo, nunca tive particular fascínio por bebés, nunca fui daquelas pessoas que se viram para ver um bebé assim que avistam um carrinho. Na minha vida nunca "houve" muitos bebés, tenho uma irmã mais velha que, por opção e por circunstâncias da vida, não foi mãe (e julgo que ficará para tia). Por tudo isto o nascimento do meu filho foi como um terramoto na minha vida. A gravidez foi passada a trabalhar e de certa forma andei um pouco alheada do meu estado (sinto-me triste por isso agora, confesso). Sabia que tudo se modificaria, mas não tinha a noção da dimensão das alterações. Fui mãe por opção, não por acidente, mas nunca ponderei a fundo as consequências.
Os primeiros meses após o nascimento do João foram tremendamente difíceis para mim, acho até, que no primeiro mês não houve um só dia em que não chorasse. Sentia-me, e por vezes ainda me sinto, incapaz de cuidar convenientemente do meu filho, de garantir o seu bem estar e dar-lhe todo o amor que tenho. Por estar distante da família, não tive qualquer apoio, era só eu e o meu marido, e custa muito, custa mesmo muito.
Não me envergonho de dizer que não foi fácil para mim aceitar um novo membro na família (se bem que família tenho agora, porque antes éramos um casal), afinal são 17 anos de vida a dois. Lembro-me de um dia acordar de manhã com o meu filho a chorar e pensar "meu Deus, tenho um bebé em casa e agora?!"
Com o tempo fui-me adaptando, aceitando o meu novo papel de mãe e hoje sei que se o tempo voltasse atrás, eu engravidaria novamente.
Por vezes sinto saudades da minha vida antes de ser mãe, sinto a falta dos momentos só para mim, sinto falta de ler, de ver filmes, de ir a exposições. Estou de certa forma embrutecida sem esses prazeres que me acompanharam toda a vida. Sinto falta de andar na rua de mão dadas com o meu marido. Sinto falta de não fazer nada!!
Não sei se estou a ser boa mãe, acho que poderia e deveria ter sido melhor.
Tenho muito receio que ao tentar ser perfeita, tenha falhado muito.
Às vezes, e nos momentos em que ele procura mais o pai (não queria voltar a este tema, mas…) recrimino-me por não o ter aceite de imediato, recrimino-me pela minha falta de paciência, recrimino-me pelos meus medos e pelas minhas inseguranças.
Não tenho dúvidas nenhumas do amor infinito que sinto pelo meu filho, e quero muito continuar à descoberta deste meu novo e mais importante papel da minha vida.
Sei que não sou uma mãe perfeita, mas como diz uma amiga minha, uma boa mãe é uma mãe suficientemente boa. E eu só espero estar a ser suficientemente boa.
Adenda: quando pensei neste post, o discurso estava minimamente coerente, nada desta confusão que saiu quando comecei a escrever.
Também eu nunca fiz grandes planos para ser mãe... nunca me babei pelos filhos dos outros e chorei num misto de angústia e felicidade quando vi as duas riscas no teste... de qualquer forma sabia que queria ter filhos e talvez aquela fosse mesmo a altura certa... Hoje não me imagino sem ela na minha vida, mas deixei de fazer também muita coisa de que gostava e sinto falta de uma "certa" liberdade! Não me acho menos mãe por isso... continuo a ser mulher e sou humana!! Assim como tu :) Um grande beijinho
ResponderEliminarNós também fomos adiando um pouco a chegada de um filho, por medo de perder a nossa liberdade e por constrangimentos vários.
ResponderEliminarPor coincidência também tenho uma irmã mais velha que não tem filhos e estou longe da família que me poderia apoiar. Há momentos muito duros, é verdade, mas fui aprendendo que apesar de tudo ainda há formas de contornar algumas dessas dificuldades.
Falaste que tens saudades de andar na rua de mão dada com o teu marido e eu lembrei-me que há 4 meses que não faço isso, mas damos o braço na mesma quando um de nós leva o carrinho ou o sling.
Agarramos no Tiago e vamos até à fnac ou a um jardim ou a uma exposição. É verdade que tem que ser por pouco tempo e que nunca mais fui ao cinema ou a um concerto e que às vezes me apetece mandar com a cabeça nas paredes aqui fechada de segunda a sexta com um bebé que só quer colo e eu sem saber conduzir ! Mas meto-o no sling e vamos dar uma volta ao bairro e vou até ao café com ele.
São adaptações muito grandes, e às vezes é difícil aceitar que a nossa vida nunca será a mesma, mas o amor que nos impulsiona faz tudo valer a pena.
E se me permites mais uma achega sobre este tão penoso assunto, temos que tentar ser mais felizes, de alguma forma, recuperarmos algumas alegrias nossas, temos que gostar de nós também para que os nossos filhos também o façam.
Se calhar o teu filho ainda não descobriu a mãe maravilhosa que tem. Mas aposto que quando o fizer, quando tu te deixares descobrir, Mariah, sem medo, sem ânsias, sem inseguranças, ele vai finalmente ver-te como és e vai perceber o que é que andou a perder este tempo todo.
Muitos beijinhos
Oh minha querida, como eu te entendo, tão bem... sinto quase tudo isso à excepção de ter vivido a minha gravidez com muita intensidade. Eu andava nas nuvens com a gravidez e não sei porque é qe meti na cabeça que iria ser tudo perfeito. Não estava preparada para as dificuldades e olha que tive muita ajuda e apoio, pois ao contrario de ti estou perto de toda a gente. Mas nem por isso o premeiro m~es de vid do Rodrigo deixou de ser o mais difícil de toda a minha vida. Ainda agora estava aqui a ver os blogues e pensava que daqui a nada ele vai acordar e eu vou ter de ir tratar dele. falta-me o tempo para mim e descontração total. mas tambem nao me arrependo e estou super aaixonada pelo meu bicharoco. Também me sinto ebrutecida, tal e qual, falta-me o andamento que tinha, a "estaleca" mas no fim penso sempre que compensa tudo. Tudo, tudo!!!
ResponderEliminarAh e eu acho que o teu filho não prefere o pai... tu é que fazes com que isso aconteça. Com muita paciência tens que lhe ir dando a segurança e a tranquilidade que ele precisa. mas lembra-te, é preciso muita paciência e persistência!!!
ResponderEliminarAcho que sempre quis ser mãe desde aquele tempo em que brincava com bonecas mas agora que chegava a hora ia adiando, adiando porque tentava estabilizar a vida e pensava sempre que ainda não era agora a altura. A vida pregou-me uma grande partida e decidiu que nesta era a altura certa ... agora vendo bem até talvez fosse.
ResponderEliminarConcordo contigo em tudo, não nascemos mães e isso requer uma grande aprendizagem, muitas vezes penosa e que nos faz abdicar de muita coisa.
É o inicio de uma longa caminhada que um dia vamos recordar com saudade e provavelmente rir das inseguranças e dúvidas que agora sentimos.
Muitos beijinhos e mta força.
Ana