quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

A uma semana de fazer anos

Lembro-me de quando era pequena de fazer as contas para saber que idade teria no ano 2000. Era assim um ano emblemático, longínquo e sabe-se lá o porquê, eu constatava fascinada que teria 29 anos. Lembro-me de me questionar de como estaria e de como seria nessa idade. Devia ter muitos sonhos, eu sempre fui uma sonhadora. Aos 29 fiquei desempregada. Casei no primeiro dia da primavera e filhos não faziam parte dos meus planos. Aos 29 detetaram-me um carcinoma (em estado avançado) no colo do útero e pensei que podia morrer.
Morava numa zona lindíssima à beira mar e pouco ou nada aproveitava desse local. Aos 29 entrei numa depressão profunda, uma saída injusta e inesperada de um emprego que eu adorava, deixou-me numa tristeza sem fim. Cansada de me ver assim recorri a uma psicóloga e iniciei uma psicoterapia que se prolongou por muitos (demasiados) anos. Aos 29 ainda tinha sonhos, mas sonhava de um modo diferente, já sem aquela esperança e aquela inocência de quando somos crianças em que tudo parece possível.

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