quinta-feira, 29 de março de 2012

Ontem

Fui a uma entrevista, não para me candidatar a um lugar de trabalho mas para que a nova empresa com quem vou colaborar (espero eu) me conheça. Assim que entrei no escritório comecei a sentir um desconforto, uma sensação de claustrofobia de todo o tamanho. A verdade é que muito dificilmente me conseguiria habituar a um trabalho fora de casa. Já lá vão muitos anos a trabalhar neste regime.

Aqui por casa

Qual Gormiti, qual Ben 10, qual quê. O que está a dar é ver as séries, ou novelas, como lhes chama o pai, do canal Disney: Os Feiticeiros de Waverly Place, o Shake it Up e por vezes, a Hannah Montana. Não acho piadinha nenhuma àquilo, mas o puto diverte-se à grande. Deverei preocupar-me?

terça-feira, 27 de março de 2012

Memórias

A propósito do filme O Artista, hoje lembrei-me de uma das mais fascinantes experiências que vivi, aquando da minha vinda para Lisboa. Assistir a um ciclo de cinema mudo, acompanhado por uma orquestra ao vivo.  De todos os que vi só me lembro do Tabu, de F.W. Murnau. Foi na Gulbenkian, para aí em 1991. Bolas, estou velha....

Odeio

As férias escolares. Estou desde as 11 da manhã a ouvir a música (pimba) da minha vizinha e já estou a hiperventilar. Para além do volume da musica estar alto ela ainda se julga uma candidata ao ídolos e canta berra que se desunha. E estou tão destinada que única coisa que me ocorre à cabeça é saber se a comissão de protecção de menores aceita queixas anónimas. E porquê a protecção de menores? Ora eu vou contar que é para ver se alivio esta raiva com que estou. A família que mora ao meu lado é composta por mãe, e duas filhas, uma com 18 anos e a mais nova não terá mais que 15. Desde que aqui estou (há 6 anos) que sempre me fez confusão o "abandono" a que as miúdas foram vetadas. A mulher sai cedo para o trabalho e chega tardíssimo a casa e as miúdas sempre por casa (fora dos horários escolares, obviamente). Sempre dei um desconto, é preciso sustentar a casa e os trabalhos não abundam por aí. Acontecer o mesmo aos fins de semana, como por vezes sucede ( e não é para trabalhar), já não parece assim tão normal.  Mas agora deixar as miúdas sozinhas um fim de semana completo(dia e noite) e actualmente, uma semana, é que já me parece abandono puro e simples. A mais nova só tem 15 anos porra!! Eu não acho normal, mas se calhar estou enganada.

segunda-feira, 26 de março de 2012

3 D

Como tínhamos três bilhetes de cinema, que nos foram oferecidos pelo Natal, e como o prazo estava prestes a terminar, ontem fomos ao cinema ver o Lorax. O filme, na minha modesta opinião, é fraquinho, fraquinho, moralista cheio de clichés, enfim, não gostei. Agora na minha estreia em 3D, fiquei fascinada, é realmente uma outra forma de ver cinema. O puto adorou, já o pai, cujo estrabismo não lhe permite ver em 3D, estava todo desolado perante o nosso entusiasmo.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Psicologias de bolso II

Eu tenho um defeito, aliás vários, mas há um em particular que de vez em quando me traz alguns dissabores. E apesar de ter isso presente, sem me aperceber, lá me deixo levar. Quando me sinto à vontade com alguém, começo a ser desbocada, não no sentido de dizer tudo o que me vem à cabeça, que nisso até sou bem contida, mas no sentido de falar sobre a minha vida. E se quem me ouve for meu amigo, ou for bem intencionado, não vem problema nenhum daí. Mas quando isso não acontece (a maioria das vezes, se calhar), aparecem logo os aproveitadores, ou sei lá como lhes chamar, aquelas pessoas que agarram no que ouvem e tratam de imediato de fazer juízos de valor, extrapolações, ou como lhe chamei no post abaixo, psicologia de bolso. E não são raras as vezes que descortino no que me dizem, “vestígios” do que ouviram, alusões subtis, mas que eu, que não me considero burra, relaciono logo com o que sei que, desbocadamente, contei. E nessas alturas fico furiosa, irritada comigo por não ter sido cuidadosa.

Sempre que vou buscar o meu filho à escola, converso um pouco com a educadora dele. A maioria das vezes sobre como lhe correu o dia. Há uns tempos atrás, ele falou-me que o João andava um choramingas, que sempre que o reprendiam ou o contrariavam ele choramingava. Eu, parvalhona, contei-lhe que quando era mais nova era assim, bastava um professor me chamar a atenção para alguma coisa, que eu, de imediato desatava num pranto. Quando outra vez, ela se referiu a alguma insegurança, ou baixa auto estima do João eu, parvalhona, dissertei sobre o facto de, também eu, ter tido alguns problemas de auto estima na minha infância (mas atenção, que o meu discurso nunca foi no sentido de estabelecer qualquer relação genética, o meu filho não é igual a mim ou ao pai, com certeza que herdou algumas características nossas, mas isso não torna, evidentemente, igual a nós). Bem. mas resumindo, que isto já vai longo, ontem lá veio mais uma converseta de avaliação psicológica. Um dia depois da malfadada festa do pai, em que o meu marido não conseguiu disfarçar o desconforto e o desagrado pelos jogos em que foi "obrigado" a participar, pois que o João tem problemas com tudo o que é novo e diferente, não gosta de participar em atividades novas, tem medo de falhar, que deveríamos sair mais com ele, uma vez que ele não tem cá primos e irmãos, para que convivesse com outros meninos, porque senão vai ser muito complicado ele adaptar-se na escola primária. Mas o que é isto? Fui tão apanhada de surpresa que não tive reação, mas claro que vim para casa remoer, e remoí tanto, que nem dormi nada de jeito. Para mim não há coincidências, a mãe era chorona, o João é um choramingas, a mãe teve problemas de autoestima, o João tem problemas de auto estima, o pai ficou muito nervoso e notava-se o desconforto enquanto fazia os jogos (unicamente porque detesta aquele tipo de jogos), pois que o João receia tudo o que é novo e diferente. Ora como não concordo com grande parte disto, e como não gosto de rótulos (muito menos rótulos no meu filho), logo vou ter que ter uma conversa muito séria.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Psicologia de bolso

Agora todos são psicólogos. Toda a gente tem conhecimentos sobre os meandros da mente humana e acha-se no direito de dar bitaites. Não tenho paciência nenhuma para isso, muito menos quando o alvo é o meu filho e as "psicólogas" as educadoras da escola. Estou mesmo furiosa, que é para não dizer pior.

terça-feira, 20 de março de 2012

Pai traumatizado

Ontem o pai cá de casa chegou, todo aborrecido, da festa da escolinha. Na altura desvalorizei os motivos, realçando o facto de ele lá ter estado com o filho. Mas agora que pensei mais sobre o assunto, admito que ele tem alguma razão. A festa constava de uma série de jogos, pelos vistos tirados de um qualquer programa da Sic, o que logo à partida o colocou em desvantagem, pois nem sabia do que se tratava. Bem, moral da história, houve pais vencedores e pais vencidos, houve crianças felizes e outras mais tristes, houve "o meu pai ganhou e o teu não". Havia necessidade? Pois eu cá acho que não e não me venham com conversas de que os meninos tem que aprender a lidar com a frustração, perceber que os pais afinal não são os maiores, blá, blá, blá,  porque eu acho que ele tem tempo para se confrontar com isso (já nos irá bastar na adolescência, em que seremos os piorzinhos).

12

Faz hoje 12 anos que casei. No primeiro dia da Primavera, tal como sempre quisemos. Não costumamos assinalar a data, afinal de contas já nos conhecemos há quase 22 anos. Partilhamos a vida há 20 e aquele dia foi só para oficializar a relação, ou por meras questões fiscais, como nós dizemos em jeito de brincadeira. Já vivemos tanto, sem nos apercebermos já criámos uma história, só nossa. Que venham mais 12.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Julgava eu que escapava à famosa sinceridade infantil

Ontem na caixa de uma loja, enquanto me preparava para efectuar um pagamento, ouço o meu filho, alto e bom som:
Mamã, sabias que os homens também usam brincos?
Levantei a cabeça e olhei para o rapaz que me atendia, que ostentava, em cada orelha, umas reluzentes argolas. Lá tentei disfarçar, fazer de contas que não ouvi a pergunta, contive o melhor que pude, o riso mas, perante o meu silêncio, o puto repete a pergunta, já fora da caixa mas, como sempre, aos berros. Lá lhe respondi que sim, que tínhamos acabado de ver um.
A caminho de casa tentei explicar-lhe que não devemos falar das pessoas, à frente delas (sim, isto também não soa bem, eu sei) e claro lá veio o habitual, porquê mamã? Mas antes que eu tivesse tempo de elaborar uma resposta, ele continuou: ah, já sei mamã, é que as pessoas podem ficar envergonhadas...
Puto esperto este!

Memórias

A minha tia V., irmã da minha mãe, tinha duas filhas, uma da idade da minha irmã e outra da minha idade. A minha tia V. era a melhor amiga da minha mãe. Todos os sábados tínhamos o mesmo ritual, eu, a minha mãe e a minha irmã rumávamos a casa dela, e ali passávamos a tarde, as seis. A minha mãe e a minha tia conversavam sobre a vida delas, a minha irmã e a minha prima mais velha deviam conversar sobre os rapazes da escola e eu e a minha prima mais nova, brincávamos. Lembro-me das tardes de verão em que ficávamos deitadas no terraço a apanhar sol, em busca de um bronzeado, que a interioridade não nos permitia. Lembro-me de ali ficarmos a ler a revista Crónica Feminina, que a minha tia comprava todas as semanas. Lembro-me dos lanches, do cheiro a café acabado de fazer, do bolo de dois andares, como eu lhe chamava, com cobertura de coco e nozes e das omeletes, umas vezes simples, outras com rodelas de chouriço e outras com cebola, que eu detestava. Esta rotina dos sábados foi assim durante anos, cresci com ela. Nos últimos anos eu e a minha prima já não brincávamos, também conversávamos sobre os rapazes da escola e dávamos umas passas nuns cigarros, escondidas num descampado em frente à casa da minha tia. As tardes de sábado acabaram quando a doença, entretanto detetada à minha tia, levou a melhor. A minha tia V. morreu de cancro da mama, aos 44 anos. Recordo-me que durante o tratamento, as tardes de Sábado ainda se mantiveram. Já não tenho tantas memórias dessas tardes, não sei do que conversavam a minha mãe e tia, nem a minha irmã e prima. Também não me recordo do que fazia com a minha prima mais nova. Recordo-me da tristeza estampada no rosto da minha tia, uma tristeza de resignação, de quem se rendeu à doença.
Já passaram quase 25 anos da sua morte, mas estas memórias estão sempre muito presentes em mim.

domingo, 18 de março de 2012

Diálogos

Eu, depois de ouvir mais um não: João a mamã está a ficar cansada de tanta desobediência, vou começar a fazer como tu e quando me pedires alguma coisa digo-te que não. Achas que vais gostar? Ele: se fizeres isso vou para outra casa. Eu: aí sim e para onde? Ele: para casa da tia. Eu: está bem. Ele: e não me importo se tiveres saudades.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Deve ser a chamada polivalência

Realmente ser professor hoje em dia, não é tarefa fácil. A minha irmã tem um aluna de 12 anos que deu início à sua vida sexual. O boato correu pela escola, pois parece que a miúda receava estar grávida. A partir daí montou-se o cerco à minha irmã que, pelos vistos, como directora de turma, tem a obrigação de avisar a mãe do sucedido. Ou eu sou doutro tempo, ou a mim parece-me que tudo isto entra no foro privado das pessoas. Para além disso, logo vozes se levantaram, que era preciso abordar o tema da sexualidade nas aulas. Tudo bem, a questão que eu coloco é que formação têm os professores para abordarem estes temas? De tudo o que a minha irmã me conta, concluo que os professores actualmente, tem que ser ao mesmo tempo, professores, educadores, sociólogos, psicólogos, e sabe-se lá que mais. E volto a perguntar, que formação é que têm para acumular tanta função ao mesmo tempo?

terça-feira, 13 de março de 2012

sexta-feira, 9 de março de 2012

Vou

De fim de semana, de visita aos pais e festejar o aniversário da minha mãe, que domingo completa 72 anos. Bom fim de semana.

quarta-feira, 7 de março de 2012

41

Hoje completo 41 anos, não há como negá-lo, 41! Nos dias que antecederam este, foram várias as imagens do passado que me acorreram à memória. Curioso é que a maioria vejo-as como se tivessem ocorrido ontem ou há um mês, quando na verdade já se passaram, 10, 20, ou até 30 anos. Não fui alguém propriamente feliz, sempre tive queda para o melodrama, associei sempre a infelicidade a algo de muito romântico. Sei-o agora que não, foi um desperdício de tempo e de oportunidades. Arrependo-me de muita coisa e sei que a minha vida poderia ter sido muito diferente. Mas também acredito que se não tivesse sido como foi, não teria agora aquele que representa a minha maior felicidade, o meu filho. Se em tempo desejei a morte, hoje temo-a. É bom sinal, não é? Não que tenha despertado para a minha finitude, sempre tive consciência dela, infelizmente, a fé é algo que não se me assiste.

Ando há dias com a mesma sensação que sinto, invariavelmente, por altura do meu aniversário. Sensação essa, que nunca soube bem definir, mas que hoje me surgiu de forma clara: solitude. Hoje procuro estar em paz comigo.

Foto retirada
(Eu, aos 19 anos. Ficará aqui pouco tempo)

terça-feira, 6 de março de 2012

Costuras

Amanhã vou inscrever o puto no judo. Já foi a seis aulas e parece-me que está a gostar. Já lhe comprámos o fato (Kimono) mas, apesar das inúmeras lavagens, está muito grande para ele. Ora e é aqui que o post tem interesse. Mas quem me mandou a mim armar-me me mulher emancipada, que fugia a sete pés de tudo o que me fizesse lembrar uma fada do lar? O jeito que me dava saber pegar numa agulha, que é como quem diz, saber fazer uma bainha. O que vale é que no fim se semana vou visitar os meus pais e a minha mãe, que por sinal é costureira, tratará convenientemente do assunto.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Dele

Ontem a caminho até casa, o meu filho contou-me que o P. era namorado da M. e de seguida, à maneira dele, questionou-me sobre como tinha conhecido o meu marido. Lá lhe resumi a nossa história de amor (lol) e ele muito surpreendido respondeu-me "mamã acho que nunca vou ser capaz de dizer a uma menina que gosto dela".