segunda-feira, 3 de novembro de 2014

A saga da primária (post muito longo)


Ando tão chateada com isto que nem sinto vontade de aqui desabafar. Na quarta-feira passada, já pronto para dormir, começou a pedir-me para mudar de escola. Apanhada de surpresa, perguntei-lhe porquê e a resposta foi "odeio a minha professora". Lá me foi dizendo (entre choro e com muita, mas mesmo muito raiva), que ela está sempre zangada, sempre a gritar com eles que, por tudo e por nada, escreve nos livros e nas fichas que fazem, recados, como "falta de atenção", a "letra está muito feia", etc. etc. Disse-me que ela estava sempre a gozar com eles e que isso o chateava bastante. Contou-me ainda que nesse dia tinha dito que eles eram a pior turma do 3º ano da escola e que eram 25 bebés que por ali andavam. Enfim, fiquei para morrer mas, lá tentei menorizar e desvalorizar o melhor que podia. Expliquei-lhe que mudar de escola poderia não ser a melhor opção e que a professora, que ele anteriormente tanto gostava, poderia estar com algum problema e que não andaria bem. Dormi mal nessa noite (como nas seguintes, diga-se...) a pensar nisto tudo e em como resolver. No dia seguinte à hora de almoço, perguntei-lhe se ainda "odiava" a professora, respondeu-me que não, mas que continuava a querer mudar de escola, e acrescentou "vê lá tu mamã que ela hoje disse que até tinha vergonha de ser nossa professora." Francamente isto passou o limite do razoável e comecei a engendrar um plano: não vou falar com ela diretamente pois sei que, como já o fez noutra ocasião, vai negar e afirmar que o que disse foi descontextualizado. No fim de tudo ela acalma um bocadinho, mas passado pouco tempo volta novamente à carga. Contatei a representante dos pais e expus o que se passava, fiz o mesmo com outros pais a fim de saber qual a perceção que tinham do que se passava na sala de aula. Excetuando a representante dos pais, cuja filha já lhe tinha passado algumas informações que iam de encontro às do João, os restantes pais mostraram algum espanto e todos referiam que os filhos não lhe contavam nada disso. De início fiquei surpreendida mas depois pensei que, na verdade eu, sem querer, levei-o questionar algumas das coisas que ele me contava que a professora dizia e fazia. Lembro-me que ele chegava ao carro e dizia mamã, "hoje aconteceu uma coisa tão engraçada na escola" e normalmente a coisa engraçada era a professora ter gozado com algum menino e todos se terem rido muito. Isto aconteceu até ele me ter contado que a história engraçada era a professora ter dito a uma menina (a melhor aluna da sala) que ela não devia ter cortado o cabelo pois desde aí tinha ficado sem inteligência. Nesse dia não me contive e disse ao meu filho que não tinha achado graça nenhuma ao que ele me tinha contado, que o que a professora tinha feito era ter gozado com a miúda. Perguntei-lhe como se sentiria se a situação tivesse passado com ele e sei que nesse dia o deixei a pensar nisso. Acreditem que, após estes últimos acontecimentos, por milésimos de segundos, ainda ma recriminei por naquele dia, não ter ficado calada. Mas na verdade não me arrependo, porque o que me incomodou não foi tanto o conteúdo das  "histórias engraçadas" mas ver o meu filho a achar graça às mesmas, a aceitar aquele comportamento da senhora como aceitável e normal. E julgo que é essa a diferença entre o meu filho e os outros meninos que não contam nada aos pais.
Mais há para contar mas como este post já vai muito longo, refiro apenas que não vou ficar de braços cruzados e que a minha ideia é expor esta situação na reunião de pais. E como esta só se realiza após as férias do Natal, vou tentar pedir uma reunião extraordinária.

3 comentários:

  1. Boa. Mais do que merecido, mais do que justo e acertado o que estás a fazer.

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    1. Eu também acho. Não gosto de conflitos mas não dá para aceitar isto de ânimo leve. Beijinhos

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  2. A melhor maneira de solicitares a reunião é falando c a direção do agrupamento...
    Boa sorte

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