terça-feira, 6 de dezembro de 2011

É mais um desabafo (que é para isso que este blogue também serve)

Se há coisa que me deixa fora de mim são as frases feitas de como é uma sorte eu ainda ter trabalho e de que há quem esteja pior que eu. É que eu considero que fiz tudo o que tinha para fazer na vida para poder ter direito a um trabalho remunerado e a uma vida desafogada (isenta de luxos, obviamente). Estudei (com sacrifício dos meus pais), tive trabalhos temporários que nada tinham a ver com a minha área de estudo, fiz estágios (mal remunerados), sempre paguei os meus impostos, sou honesta, nos locais onde trabalhei cumpri com o me era solicitado, atualmente encontro-me a tirar a segunda licenciatura... Obviamente que me desagrada chegar aos quarenta anos e não ter perspectiva de futuro, aperceber-me que ando de "cavalo para burro" em termos profissionais, ter que pedir dinheiro emprestado à minha mãe para fazer face às despesas correntes, não ter dinheiro porque, infelizmente, tive um acidente que me impossibilitou de trabalhar durante cinco meses.

Acho que pelo menos, tenho o direito de me revoltar e de me indignar e não estar agradecida por estar. este ano, pior do que estava há dois ou há três atrás, quando tudo fiz para estar melhor. Estou fartinha da conversa de escravos, que por aí anda, fartinha mesmo. Será que as pessoas não se apercebem que a intenção é mesmo essa: transformar-nos em escravos, medrosos, amouxados e resignados.

1 comentário:

  1. Tens toda a razão. Mesmo toda. A conversa do tens muita sorte tira-me do sério. Eu também a ouço, incrivelmente há quem ache que tenho muita sorte, e sim, trabalhar naquilo que se gosta é infelizmente uma sorte hoje em dia, mas se começamos a nivelar tudo por baixo, qualquer dia começamos a pagar para poder trabalhar. É que já faltou mais.

    (estou tão farta da falta de coesão social...)

    Beijos

    ResponderEliminar