quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Desigualdades

A minha querida mana é professora e há dois anos que se encontra colocada numa escola, numa terriola que fica a cerca de 50 Km de Lisboa. Hoje contou-me um episódio que me deixou de boca aberta e ao mesmo tempo triste. Está a ser levada a cabo uma "campanha" para que os alunos lavem os dentes, pelos vistos há crianças (alunos do antigo 8º e 9º anos) que nunca lavaram os dentes na vida, mas pior que isso é que nem sequer sabem como é que se faz!! Este episódio vem de encontro a outras situações de pobreza, trabalho infantil, alcoolismo, gravidezes em adolescentes, etc. etc. etc.
Como é que é possível que nos dias de hoje e numa aldeia tão próxima de Lisboa isto pode acontecer? Como é que um país tão pequeno como o nosso apresenta tamanhas desigualdades?
Isto revolta-me e entristece-me.

5 comentários:

  1. São realidades desconhecidas para muita gente, mas que são muito mais comuns do que se imagina.
    Tens toda a razão, é revoltante e triste.

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  2. Revolta e tristeza... é isso mesmo!!
    Bjinhos

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  3. Não sei. A interioridade não é desculpa para má educação. Acho que depende muito dos pais, sabes? Ninguém tem culpa de ser pobre, por exemplo, mas, na verdade, a higiene não é algo que a falta de dinheiro justifique. E não acredito nesse tipo de falta de informação. Tb cresci numa terra pequena, bem longe de tudo e nenhum de nós era assim. Havia pessoas "porcas" que tb o passavam aos filhos, só isso. Porque achavam semnpre haver outras prioridades. Porque depois de se vir do campo, era até escusado tomar banho ou lavar a roupa. Se houvesse opilhos, as professoras que tratassem de tomar medidas pq os pais deixavam-nos andar assim :(

    Luz de Estrelas

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  4. Pois é. A pobreza e o trabalho infantil, rimam com saber manejar um tractor (e morrer nele), lavar o cabelo com sabão azul e branco aos Domingos antes da missa e depois da filarmónica. Cuidar dos irmãos mais novos, em que o verbo cuidar, tem contornos quase adultos. Bebem vinho e engravidam, sim. São réplicas fieis dos pais, mesmo na devoção aos professores e na autorização da palmada, se for preciso.
    Não é só a 50km de Lisboa, querida amiga, dentro de Lisboa mesmo, e no Porto.
    Um vez, às 6 da manhã, no Inverno, perdi-me no Porto, eu e uma amiga. às 6 da manhã vimos um menino que não tinha mais que 7 anos, com um óculos fundo de garrafa, descalso, roupa rota, cheio de ranho. Ia ao pão e ao leite, e acredito que o dinheiro não chegaria para muito mais, naquele dia. Não conhece mais que o seu páteo, não sabe onde vive. Mas era feliz, tadinho. Da parte de cima ponte D. Luís I, consegues ver bem aquele páteo. Ficou-me na memória. Uma tristeza...

    Lavar os dentes é um luxo inútil e caro... tadinhos.

    Beijinhos

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  5. Possa... dá que pensar.

    Também sou da opinião que pobreza não implica falta de higiene mas compreendo que numa casa cheia de bocas para alimentar e que o dinheiro mal dê para a comida, uma pasta de dentes pode ser uma coisa para 2º plano.

    É triste que num mundo cheio de revoluções tecnológicas haja um fosso tão grande e pessoas que ainda vivam nessas condições. Por outro lado, revolta-me que um jogador de futebol ou treinador em ascenção ganhe fortunas e seja venerado como um deus para a humanidade.

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