Já presumia que educar um filho não seria fácil, mas a realidade tem-me demonstrado que é bem mais complicado do que julgava. E não estou a falar das doenças, nem das noites mal dormidas, nem das birras. Falo das angustias que me assolam do medo de não estar a proceder bem, dos receios de poder não estar a contribuir para que o meu filho cresça confiante, com amor próprio, capaz de enfrentar este mundo cada vez mais agreste. Esta noite acordou aos gritos, eram gritos aflitivos, parece-me que terá tido um pesadelo, falava-me de um "sinhor" que estava à porta do quarto. Tentei acalmá-lo, fiquei com ele quase até que voltasse a adormecer, pois estava nitidamente em vigília. Quando saí do quarto ainda gritou por mim, mas logo adormeceu. Deitei-me com uma angustia enorme, será que devia ter ficado com ele até ter a certeza que já estava a dormir? será que deveria te-lo levado para a minha cama? Não terá ele ficado com a sensação de abandono?
O infantário é outra tortura para mim. Questiono-me sempre se ele será feliz lá. De manhã diz-me sempre que "na que escoua" , mas depois ao final do dia é um tormento para o trazer para casa. Parece-me francamente que este infantário é bem melhor que o anterior. No início denotava-se alguma desorganização, fruto, julgo eu, de estar a funcionar pela primeira vez. Agora parece-me que estão a encontrar um rumo, apesar de alguns aspectos denunciarem algum amadorismo. Mas dizia eu, que o infantário é uma tortura para mim, e é mesmo. Há dias em que quando o vou buscar, ouço a educadora dele aos berros com os miúdos e isso incomoda-me. Digo para mim mesma que é natural que ele tenha que lhes levantar a voz de vez em quando. Eu também o faço aqui em casa. Mas a verdade é que presumir que ela lhes levanta a voz é uma coisa, assistir é outra.
Comparando esta educadora com a anterior (do outro colégio), posso dizer que não tem comparação. A anterior era tremendamente formal, diria até que distante, media bem o que dizia aos pais, e acabava por não estabelecer qualquer relação com as crianças. E o meu filho era a prova disso, conhecia bem a auxiliar mas não reagia à educadora.
A actual é o contrário, parece-me que aquilo que ela é, é o que demonstra. Fala mais alto com os miúdos e fá-lo independentemente de estarem ou não pais presentes no colégio.
Este discurso todo vem a propósito do que aconteceu hoje quando deixei o meu filho. Ao abrir a porta ouço mais uns berros e um miúdo a chorar. Constato, ao chegar à sala de acolhimento que é o filho da minha vizinha. Está sentado no chão, chora desconsoladamente e ninguém está com ele, ninguém o está a confortar, chora abandonado. Engoli em seco, não fui capaz e perguntar o que se passava com o V. (por isso estou aqui a recriminar-me), deixei o João e saí. Imaginar o meu filho naquela situação, não me sai da cabeça. Claro que posso pensar que se calhar ele portou-se mal, bateu nalgum menino, ou outra coisa do género, mas... ok dormi mal, estou cansada, estou stressada com o que tenho para fazer e não estou a ter discernimento. O que acham?
Mas será assim tão mau uma miúdo ficar a chorar sozinho? Não será até bom? Quando recuperar da birra ou da "tristeza", vai-se aperceber que, afinal, tem mecanismos próprios para cuidar de si e para se confortar. E isso, para mim, é importantíssimo! Acredite que, passados uns minutos, o filho da sua vizinha já estará a correr e a saltar. Quanto ao pesadelo do seu filho...cá em casa o meu filho (uns meses mais velho do que o seu) teve uma fase de gritos nocturnos diários. Não vale a pena dar grande relevância. É uma fase e uma fase importante no crescimento, em que eles se confrontam com os medos e se apercebem que, afinal, não passam de coisas imaginadas que não tem uma real poder de nos magoar.
ResponderEliminarUm beijinho
Maria
Obrigado Maria,
ResponderEliminarhá um lado meu que pensa assim, que é importante eles aprenderem a confortar-se e que de certeza que agora ele estará bem. Mas nem sempre é facil ter este pensamento quando pensamos nos nossos filhos, não é? Se calhar sou um bocadinho superprotectora, o que também não é bom.
Beijinhos
Não consigo concordar completamente com a Maria, apesar de perceber o seu ponto de vista. Eu já tive alguma experiencia a trabalhar com miúdos de idades diferentes e até posso imaginar uma situação em que tenha dado um raspanete a algum e que ele tenha ficado amuado ou a chorar de ressentimento, mas temos de ter atenção às idades e ao motivo do choro. Por princípio não me parece bem deixar uma criança a chorar sozinha, sem qualquer tipo de conforto, sem uma explicação, o que não quer dizer que na situação em concreto não tenha havido isso antes de teres entrado.
ResponderEliminarNormalmente o choro da escola é diferente do choro em casa, junto dos pais, onde a crinaça está no seu ambiente e se sente completamente segura e à vontade. O choro na escola tem a componente social que marca muitíssimo mais.
Mas também me parece que não vale a pena complicarmos demasiado as coisas. Se o teu filho não que voltar para casa é porque gosta da escola. Repara, ele demonstra claramente que não quer sair de onde está bem. A escola dele parece ser porreira e eu também tinha que mandar uns berros de vez em quando ;) faz parte!
Sobre os sonhos também me parece normal que aconteçam. Se ficaste com dúvidas que ele já estava a dormir e hesitaste entre levá-lo para a cama, para a próxima faz isso mesmo, a ver como te sentes tu e ele 8se te der vontade, claro,e achares necessário).
Não tenhas medo de estar a proceder mal ao fazer uma coisa que a generalidade dos pediatras não recomenda (levá-lo para a cama). A mãe és tu.
Acho que nisto da maternidade por vezes precisamos descontrair e não nos levarmos tão a sério. Às vezes acertamos outras vezes, não!
:)
Beijos
p.s- o teu filho está cheio de sorte por ter uma mãe como tu, não duvides.
Apesar de compreender o ponto de vista da Maria, ia odiar ver uma cena dessas, só de pensar na criança a chorar desconsoladamente sem niguém por perto me dá ansiedade :(
ResponderEliminarMas é como dizes Mariah, também eu muitas vezes tenho que a deixar chorar sozinha, quando preciso que compreenda que errou, que não pode fazer isto ou aquilo, depois de conversar e lhe explicar os motivos, e como disse a gaivota, não sabemos se alguém o fez ou não.
Quanto a ti Mariah, apesar de estar no mesmo barco, de ter exactamente as mesmas duvidas, deixo-te o conselho que tento seguir. Tudo o que fazes convencida que é o melhor para ele está certo. Somos as melhores Mães que sabemos e podemos, e isso acho eu, é o essencial.
Biejo grande
Acho que é normal as mães terem essas dúvidas. E o teu filho tem o normal para a idade. Os terrores nocturnos, o não querer ir para a escola e o não querer vir da escola. Mas está visto que gosta da escola...
ResponderEliminarQuanto ao menino a chorar, eu sinceramente, perguntava logo o que se passava. Faz-me confusão.
Bjos grandes
Cristina
Tens razão Gaivota, às vezes sinto que ainda estou presa a alguns (pre)conceitos que me tiram a expontaneidade.
ResponderEliminarObrigada Zá, acredita que não foi um cenário bonito de assistir, o miudo sentado no chão a chorar, e as educadoras e auxiliares a continuarem a sua vida.
Cristina, ainda me estou a recriminar por não ter perguntado. É que por costume até o faço.
Sabes o que eu acho grave? Deixarmos de ter dúvidas. Faz-me confusão aquelas pessoas que têm a certeza que estão a fazer tudo certo. É que quando temos dúvidas estamos a preocupar-nos e a tentar corrigir aquilo que a experiência prova que é menos bom. Quanto ao infantário não te posso ajudar... Imagino que seja mais uma fonte de questões e dúvidas.
ResponderEliminarBeijos
Também me sinto assolada por tantas duvidas e ainda nem tenho o meu num colégio.
ResponderEliminarApesar de gritar bem mais vezes do que o que devia tb acho que não iria gostar de ver outros a levantar a voz ao meu menino e muito menos vê-lo sozinho e desconsolado a chorar.
Não sei bem o que te diga para te descansar mais mas o facto é que penso muito parecido contigo nestes aspectos.
Estava a pensar pôr o Miguel num colégio para o ano mas depois oiço tantas opiniões de como é muito melhor (sempre que há a possibilidade) estarem rodeados pelo carinho dos avós até serem maiorzinhos que fico numa encruzilhada de prós e contras sem saber por onde ir ... este teu post ainda me fez reconsiderar mais.
Bjs,
Ana