segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Educar não é mesmo fácil (post longo)


Há quem perante uma ferida, ponha um penso rápido e depois há quem, como eu, escarafunche na mesma. Dói como o caraças, é um fato, mas não consigo evitar.  O meu filho lindo continua a revelar alguns défices de auto estima e eu, por mais que tente, não o consigo ajudar. E custa-me tanto rever-me em algumas atitudes e comportamentos e não conseguir fazer grande coisa para as evitar.

De vez em quando, perante determinadas situações, como a jogar jogos ou a fazer trabalhos sai-se com expressões como: "sou mesmo estúpido" ou " sou o piorzinho de todos", ou "sou mesmo o pior filho".  Reparo que tem uma necessidade muito grande de aceitação, e que por vezes se coloca em posição de inferioridade para que os amigos o aceitem. Já o vi oferecer brinquedos a um colega para que este brique com ele, só para dar um exemplo do que estou a falar. Todos os dias me questiono onde é que falhei.  Sempre foi uma preocupação para mim desenvolver a sua autoestima e autoconfiança, incentivo-o e congratulo-o com as coisas boas que faz, nunca o menorizei sobre que forma fosse, nunca. Nunca estabeleci comparações do género "olha aquele menino não está fazer birra", ou "o XPTO faz isto assim e tu ainda não". Tive sempre muito cuidado com isso.

O meu marido atribui a culpa ao "exterior",  nomeadamente ao infantário. Nisso discordamos bastante, pois eu considero que grande parte daquilo que o nosso filho se transforma, vem da educação em casa. Percebo quando ele diz que nós o educámos para ser uma boa pessoa, respeitador dos outros e que depois nem sempre encontrou isso nas relações que estabeleceu. É verdade, se algum menino o bate, por exemplo, ele não se defende e se lhe perguntamos porquê, responde que não o quer magoar. Também é verdade que esta sua caraterística sempre foi, digamos que "criticada" pela educadora. Acho que perante os conflitos entre crianças é redutor apenas procurar que a vítima se defenda. É importante que o faça, não contesto, mas não seria mais pedagógico, perceber o porquê do conflito e desincentivá-lo? Isso não aconteceu, ou seja, o fato do meu filho não ser violento nem conflituoso não foi premiado pela educadora, foi antes destacado como sinal de fraqueza. E agora que escrevo isto fico com uma raiva tremenda. Mas independentemente de tudo continua a achar que falhámos algures neste percurso.   

Estou aqui a expor esta situação, não só para tentar sarar a ferida, mas também na esperança que alguém me deixe na caixa de comentários uma luzinha sobre o caminho que devo seguir, pois nesta altura sinto-me tremendamente impotente.  

15 comentários:

  1. Não te sei ajudar (desculpa!) mas queria dizer-te que cá em casa tb é assim. O meu mais velho é idêntico. Leva brinquedos para dar aos colegas e até o lanche é dado aos outros para ser aceite. Não sei onde falhei e já pensei em procurar ajuda psicológica. Falei com a psi cá da escola que me disse que ainda era cedo para isso...Mas não me deu ajudas, sem ser o "fala com ele e faça teatrinhos com bonecos que permitem ver a realidade dele e como as coisas funcionam na cabeça dele. A partir daí, consegue perceber de onde vem a insegurança, quem a proporcionou/proporciona" . Nunca consegui fazer isso...quer dizer, ele simula sp coisas violentas mas nunca expõe os seus sentimentos nos teatrinhos dos bonecas da playmobile. Se calhar, isso quer dizer qq coisa mas eu não as atingo.
    experimenta e vê se resulta contigo.
    Tb já me disseram "dá-lhe mutia atenção e amor". Ora, isso faço eu sempre mas...nã...e suponho q tu tb o faças!
    Vou estar atenta às sugestões.

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    1. Obrigada Tella. Ajudaste sim, partilhares aqui comigo já me ajudou.

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  2. Não stressar e continuar o bom trabalho de o amar e encorajar a autoestima... Os miúdos mudam tanto ao longo do tempo... Tenho a certeza que, com o tempo, o seu filho vai descobrir imensas forças em si e abrir-se de forma mais afirmativa ao mundo. Beijinhos

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    1. Obrigada, eu também acredito eles mudam ao longo do tempo...

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  3. felizmente não tenho esse problema com o meu míudo,sempre foi dos que lutam e tem a mania que é o maior (humildade precisa-se,por aqui a guerra é a inversa e tbm não é mto simples).
    também acredito que eles vão sobretudo pelo nosso exemplo,claro que os educadores são importantes mas no fim fica o que aprendem em casa.já tentaste perceber se tu própria não te sais com frases assim sobre ti mesma?ai que não consigo,ai que parva que sou,sou mesmo má nisto ou naquilo.ou o teu marido,os avós,alguém próximo que o possa influenciar.
    atenção é só uma mera hipótese,não estou a culpar ninguém,mas no teu lugar explorava todas as possibilidades.experimenta ver tbm se ele tem algum amigo mais próximo que o deite pra baixo,os putos Às vezes fazem isso sem querer,não têem grande noção das coisas.entretanto continua a reforçar as cenas boas dele,a dar-lhe autonomia,qualquer coisa pra fazer que ele perceba que tem jeito ou na qual é mto bom,nem que seja a pôr e levantar a mesa,limpar o pó,ser educado,coisas simples e do dia a dia.e tbm acho importante começares a ensiná-lo que "quem vai à guerra dá e lava" ;)
    no fim,esgotadas todas as possibilidades em que poderás intervir,sugiro que te rendas um bocadinho e penses que se calhar ele é assim mesmo,pronto,eles fazem-se a eles mesmos e não será por isso que será menos feliz :)
    (desculpa o testamento!)

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  4. oh pá... assunto difícil! Nós fazemos o melhor que sabemos e aquilo que achamos ser o correto e depois eles trocam-nos as voltas tendo atitudes que não esperamos...
    Acho que elogiar é importante. Mostrar que estamos orgulhosas das boas ações e das conquistas... E proporcionar-lhe outros ambientes onde interagir com outras crianças, como na natação, cataquese, etc... em ambiente fora da escola!!
    Mas eu própria vivo um problema com o meu filho: não faço ideia o que despoletou a implicância que desenvolveu com a carne ?!?! e com a comida da escola?!?!?
    Eu sei lá...
    Estes miudos não são fáceis... e ser mãe é mesmo assim, um prova constante!

    bjs

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  5. A Pekala tem razão. Quer dizer, no meu caso, tem razão. Quer dizer, tem razão com a minha história com o Tiago. Eu digo n vezes "que parva q sou". A minha auto-estima não é grande coisa. Tb não confio em mim. Ele conhece-me bem, ó se conhece. eles não são mais do que o nosso reflexo...
    Os avós, de quem ele é fã, não valorizam o que já faz, apenas o que ainda não faz. Não é por mal, é feitio.
    MAS
    Por outro lado, sou assim, insegura, blábláblá, ele é assim e o irmão não vive incomodado com ninguém. Não precisa do outro para se sentir bem. é um independente, que não tem de se afirmar perante ninguém e cuja frase é "temos de conseguir, não é'"

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  6. A Pekala tem muita razão. Numa das idas à Pediatra falei-lhe no discurso sempre pela negativa que o João tinha e ao que ela me incitou a ouvir-me a mim própria. Engoli em seco, pois a verdade é que nós, sem nos apercebemos, utilizamos muito um discurso derrotista, pela negativa... e eles como esponjas que são imitam-nos. Tanto eu, como o pai (e até a tia) estamos atentos e evitamos esse discurso. Espero que venha a surtir efeitos. Obrigada a todas :)

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  7. Odeio com fervor esta obrigação imposta de que todos os putos devem saber responder aos abusos, com abusos. Há miúdos que simplesmente não estão nessa onda e vemo-nos obrigados a dizer-lhes: Tens que empurrar de volta, tens que responder de volta. Eu já dei por mim a dizer esse tipo de coisas ao meu pacífico filho, mas fica sempre um sabor agridoce na boca, pois sinto que os outros é que deviam não dar pontapés, ou empurrar...

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    1. Tal e qual Ana. É que uma criança que não seja violenta, no sentido responder aos abusos dos outros, é logo rotulada de fraca.

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  8. vou contar-te uma do meu: hoje o lucas hoje ficou sem lanche. Houve um miúdo, que lhe tirou a lancheira, e brincou tanto com aquilo (sei lá o que fez, se calhar até pisou) que o leite com chocolate rebentou e lá se foi o lanche. A auxiliar lavou e mandou recado à prof para dar uams bolachas ao Lucas. E não é que outro puto, tirou duas bolachas ao Lucas, porque queria mais? grr que raiva , tenho um medo destas coisas, miúdos que não se defendem, fico logo a pensar em Bullying.

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  9. deixem-me dizer-vos: a escola é um mundo cão,mas daqueles mesmo maus.juntemos num recreio grande dezenas de putos entre os 6 os 10 anos,juntem 2 ou,na loucura vá que com os cortes no ensino 3 já é demais,auxiliares a tomar conta deles e está o caldo entornado.longe de mim defender o bullying ou qualquer outra forma de agressão mas já aprendi a reconhecer que as lutas fazem parte do pacote.no nosso tempo também faziam,raro era o recreio que não tinha lutas,disputas,empurrões,cabeças partidas,é demasiada energia junta e poucos adultos para controlar.e é uma merda sim.o meu leva muita porrada mas também dá muita,acho que foi a forma que ele arranjou pra se defender,aliás,mea culpa,sempre lhe disse que estava proibido de iniciar qualquer tipo de luta mas se tivesse que ser que se defendesse com unhas e dentes e vale tudo menos tirar olhos.às vezes abusa,outras vezes abusam os outros.normalmente são questões da treta ao formar equipas pra jogar à bola.no teu caso Manue,se isso tivesse acontecido ao meu míudo juro que no dia a seguir mandava a maçã mais rija que tivesse em casa e dizia-lhe pra atirar à cabeça do outro com quanta força tivesse!mas isso sou eu que não sou exemplo pra ninguém :P
    não acho que os míudos que não respondem sejam chamados de fracos,quando pergunto ao meu se este ou aquele nunca anda à luta com os outros ele responde sempre "ele é muito calmo e não gosta de confusões" :)

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  10. pois eu lembro me de quando eu andava na escola primária, e lembro que estávamos sempre na luta, chamávamo-nos nomes uns aos outros, fazíamos partidas uns aos outros, enfim era um regabofe e sim eu sei que ele tem de acordar para a vida! com que então uma maçã? lol

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  11. O que me ri com a maça! Pois para compor o ramalhete hoje contou-me que um colega anda a chamar o irmão mais velho (que anda na mesma escola) para andar atras dele a bater-lhe. Claro que como a Manue, já estou para aqui a pensar em bullying. Mas a Pekala tem razão no nosso tempo já era assim.

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  12. depois de ler os vossos comentários até acho que o recreio do meu é muito calmo! apesar de só terem 2 auxiliares a vigiar, a coordenadora de estabelecimento é mt rigída e elaborou regras de recreio e castigos pra quem não cumpre: ele nunca me falou de lutas...
    já me disse que os mais velhos lhes chamam nomes, aos do 1º ano, como bebé ou coisas assim.... ele diz que responde "quem diz é quem é!" e já percebeu que o melhor que tem a fazer é afastar-se quando isso acontece.
    Eu só lhe digo, brinca com os meninos da tua e sala e da outra sala de 1º ano, deixa lá os grandes

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