quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Da culpa

Hesitei antes de escrever este post, sei que é uma tontice mas receio os julgamentos alheios. Estive a pensar neste assunto e cheguei à conclusão que ao escrever no meu blog, eu devo ser honesta por respeito a quem pacientemente me lê.

Vem isto a propósito do problema tantas vezes aqui relatado (ou desabafado) de achar que o meu filho me rejeitava. Actualmente sinto que esse problema foi ultrapassado, vejo o meu filho como uma criança doce, que gosta tanto de mim como do pai. Agora a parte dolorosa é constatar que se tal não aconteceu antes, foi por culpa única e exclusivamente minha. Tenho andado a pensar o que é que afinal mudou, e apercebi-me muito dolorosamente que só agora me entreguei ao meu filho, sem medos, sem insegurança, sem defesas... Acredito que isto possa chocar, mas esta é a verdade, sou muito complicada, sempre fui, tenho dificuldades em me dar ao direito de gozar e de me sentir bem com o de bom me acontece, como se vivesse num permanente castigo para me redimir das minhas culpas.

Ao não me entregar ao filho, criei uma espécie de barreira que ele deve ter sentido, daí determinados comportamentos. Tratei-o sempre com muito cuidado, com muito amor e com muito carinho, mas guardei sempre uma distância entre nós que eu não consigo aqui descrever (acredito que seja difícil de entender).

Mas julgo igualmente que esta distância veio de uma preocupação excessiva em fazer tudo bem, sem falhas: "Será que estou a dar colo a mais? será que o estou a mimar em excesso?" Estes são alguns exemplos dos pensamentos que me moviam. Agora olho para o meu filho a desenvolver-se com uma rapidez assustadora e penso no quão estúpida fui.

Não sei o que mudou em mim, ou se calhar sei, estou-me a dar ao direito de gozar o meu filho, de amá-lo infinitamente, sem medos nem barreiras. E o resultado nota-se em coisas tão simples como "fazer trinta por uma linha" para o ir buscar ao infantário o mais cedo possível, não porque esse é o meu dever, mas porque sinto a falta dele. Divertir-me com ele, tanto com as birras, como com as brincadeiras, o que eu tenho rido ultimamente à conta do meu filho.

Peço desculpa se desapontei alguém, mas apenas me limitei a ser "brutalmente" honesta.

Adenda: fui interrompida uma série de vezes enquanto escrevia este post e agora que o reli parece que falta alguma coisa. Se calhar não fui suficientemente clara...

10 comentários:

  1. Mariah,
    Fico contente por ti com o que aqui revelas por dois motivos: 1º já não sentes que o teu filho prefira o pai! Isso é óptimo! E 2º identificaste a causa. Fizeste um mea culpa e agora é altura de seguir em frente.

    Tiveste receio de te dar ao teu filho, amar também custa e nem sempre é um processo imediato. Eu também fui aprendendo a amar o meu devagarinho, de início não os conhecemos, é tudo novo, é um grande choque e uma grande mudança nas nossas vidas e depois todos nós temos os nossos fantasmas e medos que às vezes levam a melhor e nos passam uma rasteira. O que interessa é que mesmo com essa cautela toda e distância não conseguiste evitar de te apaixonar perdidamente por ele e ele por ti e isso é o mais importante.

    Um beijinho

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  2. Ainda bem que conseguiste perceber o que nao estava bem :) Agora é seguir em frente sem te culpabilizares pelo passado porque isso nao adianta nada!
    A mim nao me desiludiste e gostei desta tua sinceridade!
    Beijo

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  3. Tolinha! Como podes desapontar alguém com um desabafo destes? Quanto muito podes ganhar mais um pouco da nossa admiração por ter conseguido identificar e ultrapassar uma dificuldade que era tua, mas que à partida pensaste que era exterior a ti (e como tal, nada podias fazer para melhorar a situação.

    Agora, toca a seguir em frente e nada de ficar parada a pensar "no tempo perdido". Águas passadas não movem moinhos, querida.

    Bjocas grandes e bom fim de semana!

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  4. Primeiro que tudo: Que bom é vir aqui depois de tanto tempo e sentir que finalmente já sentes que a relação do teu filhote para contigo se enquadra naquilo que sempre desejáste que fosse.
    Confesso que sempre me causou estranheza e no fundo pensava que isso correspondia um pouco à tua perspectiva de veres as coisas pois nesta fase da vida dos nossos pequenotes a mãe é tudo (ainda que o pai até possa ser um personagem a quem achem alguma piada).

    Em segundo lugar não tens nada de ter receio de escrever o que pensas é para isso que existem os blogs e é por isso mesmo que eles nos fazem tão bem e no fundo vão criando este vicio tão saudável.

    Por fim, ser mãe é mesmo uma aprendizagem e por muito que nos aconselhem este processo tem mesmo de ser feito por nós muitas vezes à custa de muitos erros ... mas é mesmo essa a melhor maneira para aprender tudo na vida. Um dia que tenhamos um 2º filho de certo que tudo já virá com muito mais naturalidade e nos iremos rir de muita coisa que no 1º fizemos mal.

    Beijos,
    Ana

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  5. O que tu fizeste foi aprender a amar um filho! Ninguém sabe nada, todas vamos aprendendo. Ninguém fica desapontada, já uma vez te tinha dito que devias entregar-te sem medos a esse amor. Mantém essa chama viva sem medos. Um beijo da Luz

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  6. acho que te repetiste foi muito, culpa, culpa, culpa, blá, blá, blá culpa!!! stop. comigo aconteceu a mesmissima coisa, maria. a mesmissima, sem tirar nem pôr. e pior foi eu pensar que não me reconhecia como mãe, ter-me afastado e depois percebido a falta que lhe fiz. doeu muito, mas nem por isso me fui abaixo. acho que pela primeira vez na vida utilizei um erro meu para aprender. andar para a frente é o que se quer. erros todos cometemos, de uma forma ou de outra. estamos aqui a aprender a ser. connosco leva mais tempo por sermos complicadinhas, é assim. dias melhores estes não é??? ainda bem!!!!

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  7. Desapantar??? Fico é muito feliz que tenhas conseguido aperceber-te do que estava errado. Opá eu também ainda estou a milhas de saber o que é ser uma "mãe" caramba!! Qual de nós já o sabia aquando do nascimento do nosso primeiro filho??? Acho que precisamos de uns 30 anos para conseguirmos perceber metade do conceito!! O nosso problema é que queremos ser SUPERES em tudo! Como mulheres, como trabalhadoras, como esposas, como mães... e depois descuramos do mais simples, que é simplesmente descontrair e deixar-mos de lado a "SUPER mãe" e sermos apenas a "mãe"!! Sei lá... eu também não percebo nada disto... mas às vezes também dou por mim toda tensa a querer fazer tudo... e acabo por deixar passar o melhor!! Esta vida são 2 dias...
    Um grande beijinho tola

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  8. Eu sou da opinião que desde que os nossos filhos nascem, o caminho do amor é percorrido todos os dias. E vamos-nos apaixonando por cada nova conquista, cada novo olhar. Não é automático!
    E o passo mais importante está dado, é sentires necessidade de estar com ele, brincar com ele, mimá-lo, etc... Sentirmos que tudo mudou depois do nascimento deles.

    Bjos e bom post!

    Cristina

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  9. Fico feliz por ti. E por ele:)

    Beijinho

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  10. Que bom Mariah !
    Tens a vida toda para desfrutar desse Amor.

    Fico muito feliz por vocês.

    Um beijinho

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