terça-feira, 18 de junho de 2013

Se eu não postasse, rebentava!!!!

Eu tentei, eu juro que tentei ficar calada e quietinha e não botar posta de pescada sobro o assunto. Mas não aguento mais, tenho um blogue, que quase ninguém lê, é certo, mas onde posso destilar toda a minha raiva e indignação. Sim é sobre os professores e sobre a greve aos exames. Ora bem, eu sei que não sou perfeita, muito longe disso, tenho muitos defeitos e se há algo de que me orgulho, é de sempre ter consciência deles. Há um aspeto em mim, que ninguém que me conheça pode contestar, tenho muita dificuldade em julgar os outros e os seus atos. Tenho sempre presente que se cuspo para o ar, o mesmo me pode cair em cima e detesto quando isso acontece. Por isso evito julgamentos.
Convivo diariamente com dois professores, a minha irmã e o meu marido. São professores em níveis diferentes de ensino (2º  e 3º ciclo e ensino superior) mas partilham a mesma profissão. Nos últimos dias tenho lido tanta barbaridade sobre os professores, que aquilo que me apraz perguntar, é afinal, porque não escolheram todos esta profissão? a sério? Tenho feito um esforço enorme para perceber o que motiva tanta raiva e tanta opinião.

Mas dizia eu, convivo diariamente com professores e  a opinião da grande maioria das pessoas (pelo menos das que tenho lido pela blogosfera) está a anos luz daquilo que eu testemunho diariamente.
Começo pelo meu marido, professor do ensino superior, esses privilegiados aos olhos da opinião publica. O homem trabalha e não é pouco, para quem não convive diariamente com esta profissão e tendo em conta o horário letivo, fica com a ideia de que pouco fazem. Mas sabem desde quando ele não saí connosco ao fim de semana? desde Dezembro. Pois é, todos os fins de semana fica em casa a preparar aulas, a fazer apresentações, a resolver os exercícios que vai dar nas aulas. Para além disso tem o doutoramento, que tem que ficar concluído o mais breve possível. Ah mas ganha bem!! Pois, o que posso dizer... que este ano, 2013, está a ganhar menos do que ganhava em 2000. Não, não ganha nenhuma fortuna, muito menos se considerarmos que trabalha há quase 23 anos. Tenho uma amiga que trabalha como técnica superior numa empresa (privada) que ganha mais do que ele e trabalha há 14 anos.
A minha mana está a viver comigo desde Janeiro, e desde essa altura que apenas em 2 ou 3 fins de semana a vi sem fazer nada (fazer e corrigir testes, ver trabalhos, preparar aulas, escrever atas, elaborar relatórios disto e mais aquilo). Invariavelmente, todos os dias a vi sentada em frente ao computador a trabalhar para e escola.
Tem 9 turmas, o que dá a módica quantia de 200 alunos, ou seja, 200 testes para corrigir, fazendo 2 por período, totaliza, 400 testes. Coisa pouca, claro.  Depois há o resto, e o que é o resto? aturar faltas de respeito (dos alunos, dos encarregados de educação e dos próprios colegas), participar em tarefas que nada têm a ver com a parte letiva, como participar em festas e festinhas e convívios e aberturas à comunidades e merdinhas desse género que, para mim, que assisto, acho inqualificável. A sério, eu gostava de ver se no privado, um patrão chegasse junto de um colaborador e o convocasse (com caráter obrigatório) para ir servir febras, fora do horário de trabalho, e sem ganhar mais por isso, para dar a conhecer a empresa aos seus clientes, se quem anda para aí a falar de boca cheia do trabalho dos professores, aceitava isso pacificamente... e quem diz servir febras, diz outras atividades do género.
E agora que o ano letivo acabou, contrariamente ao que toda a gente pensa, eles não estão de férias. O meu marido por lá vai andar até final de Julho e a minha irmã idem. Ele, entre horas de dúvidas, exames, exames de recurso, ela, em reuniões, matriculas, limpeza de salas e pasme-se embelezamento da escola (sim vai andar a pintar muros).
Fala-se na justeza das 40 horas semanais e eu, já nem vou entrar na questão do trabalho que trazem para casa, que muito provavelmente ultrapassa aquelas horas. Refiro apenas que a escola da minha mana é um barracão, a sala dos professores é mais pequena que a minha sala (que já considero pequena), tem uma impressora (quando funciona) e não há espaço nem condições para lá estarem todo os docentes em simultâneo. Portanto, pergunto eu, o que eles vão lá estar a fazer? em que condições é que vão trabalhar?
O que a maioria das pessoas não está a perceber é que quem vai sair prejudicado com isto são os alunos e a educação. Sim, porque a minha irmã refere e muito bem, que se estas medidas avançarem ela também a avança com as dela, e serão tão simples como, acabar com qualquer trabalho em casa, portanto se não corrigir os testes numa semana, corrige num mês, os testes vão passar a ser um por período e claro vai aderir aos testes de cruzes. Como eu acredito que, com toda a legitimidade, não será a única a fazê-lo, a pergunta que eu deixo é: alguém tem duvidas que isto é o fim do ensino público?

5 comentários:

  1. Bem visto! Se não a tivesse lido não teria pensado no assunto. E tem toda a razão.

    ResponderEliminar
  2. pois....haveria muito e muito a dizer sobre isto, eu prefiro nem falar disso no blog!

    ResponderEliminar
  3. Clap! Clap! Clap!

    (outra professora que passa horas da sua vida a dedicar-se, com gosto, aos filhos dos outros)

    ResponderEliminar