domingo, 3 de maio de 2015

Do dia da mãe (impróprio a almas mais sensíveis)

Sempre tive a mania das modernices, nunca fui de ir atrás do rebanho. Fugi sempre a sete pés do que a maioria gosta e aprova e se todos gostavam de preto eu escolhia o branco. A esta  distância e por culpa da puta da idade e da sua (por vezes) lucidez, apercebo-me agora que nem sempre foi o mais acertado. Senão vejamos:
A minha mãe é costureira e eu, com a mania que isso não me tornava numa mulher moderna, sempre recusei aprender costura. Hoje lamento, tenho ali uma máquina perdida sem saber o que fazer com ela. Nem uma bainha sei fazer e a falta que por vezes me faz esse conhecimento...
Achei sempre que o meu marido casou comigo e não com a minha família por isso, nunca fomentei o convívio entre todos. Hoje em dia, pouco ou nada se encontram (natal e pouco mais) e claro que lamento esse afastamento, acho que os meus pais gostariam de ter uma família mais convencional e que esta situação os entristece.
Durante anos e o meu marido achávamos que isto de ter filhos não era para nós. Modernaços como éramos convencemos-nos que nunca daríamos bons pais e que isto dos filhos nos tirava a liberdade. Tretas, tretas e mais tretas. Quando descobrimos que afinal até poderia ser bom, eu já tinha perto de 35 anos. Hoje, ambos lamentamos a nossa decisão tardia, pois um segundo filho seria muito bem vindo.
Dia dos namorados, festas de aniversários, dias da mãe e do pai são umas tretas pegadas pois todos os dias deveriam ser dias da mãe e do pai e dos avós e os aniversários são dias como os outros e o que interessa é que estamos cá e todos e juntos e blá, blá blá, wiskas saquetas. Estes dias passam iguais aos outros, sem grandes acontecimentos (um jantar mais elaborado, por vezes), não há cá jantares ou almoços fora, não há cá prendas ("compra uma coisa de que gostes e usa o meu cartão") nem surpresas, nem dias inesquecíveis que ficam na memória.
Por isso é que hoje, dia da mãe, igual ao de ontem (tirando as prendas maravilhosas feitas pelo meu filho e os abraços com que ele já me presenteou) eu afirmo: a mania da diferença é uma grande treta.

Feliz dia da mãe para todos!

2 comentários:

  1. Nem sempre aquilo que pensamos são verdades absolutas para o resto da nossa vida! Ainda vais a tempo de mudar algumas coisas, se assim entenderes!
    E não é preciso valorizar e festejar todos esses dias, mas se calhar escolher alguns...

    Beijinhos

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