sábado, 18 de agosto de 2007

Post delicado

Aquilo que aqui vou escrever é muito delicado e doloroso para mim. Hesitei muito em escrever e ainda não sei se o vou publicar. Mas sinto que enquanto não o fizer não conseguirei postar mais nada. Tenho lido muitos blogs (babyblogs) e até hoje ainda não vi relatado nada que se assemelhe ao que eu estou a sentir, daí o meu receio e até alguma "vergonha" de aqui partilhar.

Não sinto que o meu filho esteja ligado a mim, e já não sinto há algum tempo. De início tentei ignorar, achei que era mais um dos meus acessos de falta de confiança, mas a sensação não me larga e tem vindo a aumentar. Já aqui referi que passo muito tempo (a maioria, aliás) com o meu filho, mas há alguns dias por semana que saio para trabalhar. Nesses dias ou fica a minha mãe com o Z. (por estar longe, é normalmente 3 dias por mês), ou então fica o pai, cujo horário de trabalho lhe permite esta disponibilidade (está fora dois, três dias por semana e os restantes passa-os integralmente connosco). Pois é, o que eu sinto é que ele está mais ligado ao pai do que a mim (custou-me mesmo escrever isto). Não sinto isto em vão, mas a verdade é que ultimamente ele está ao meu colo e assim que aparece o pai quer logo ir para o dele, se está ao colo do pai e este o passa para mim, o meu filho berra e protesta duma forma que eu fico estarrecida. Reage à voz do pai mas não reage à minha (comprovado pelo pai), se está num determinado local e ouve a voz do pai larga tudo e começa a olhar à volta para ver se o vê. Comigo não faz isso...O bebé sente nitidamente mais conforto com ele do que comigo. Não calculam como isto é doloroso para mim e como me sinto impotente. Tenho chorado em silêncio todos os dias, com uma sensação desagradável de ter errado em alguma coisa. Ler babyblogs, com relatos de ligação entre mães e filhos não tem sido fácil para mim.

Se eu for racional consigo perceber porque é que isto acontece, desde sempre que o meu marido tem estado muito presente o que, se por um lado é bom, por outro acaba por me retirar espaço para estar só com o meu filho. Depois é uma questão de atitude, o meu filho tem o colo do pai sempre que chora, ou protesta, ou resinga. Se o bebé chora ele vai logo pegar nele, se o bebé quer mexer em alguma coisa ele pega nele e conduze-o até ao objecto e deixa-o explorar o tempo que for preciso. Se o bebé quer "andar" o pai pega nele e percorre a casa, etc., etc. Entretanto eu estou a trabalhar, ou a fazer a sopa, ou a papa, ou a esterilizar os biberons ou a fazer outras coisas que tem que ser feitas. Nesta altura devem estar a pensar, porque é que eu não tenho uma conversa com o meu marido. Já tive e ele concordou comigo em relação à "preferência", o que ele acha é que nesta altura ele funciona como um brinquedo para o filho, mas sinceramente noto que lá no fundo ele sabe que é muito mais do que isso.
Como devem calcular não é fácil abordar este tema com o meu marido, não lhe posso dizer para se afastar (e não é isso que pretendo), e também não quero interferir na relação que existe entre eles, que é muito importante. Depois quem é consegue delimitar qual é o papel da mãe e qual é que é o papel do pai? (aliás eu sempre achei que não devem ser delimitados, são papeis que se complementam). Por isso optei por não falar mais no assunto, mas estas ultimas quatro semanas (o meu marido tem estado em casa de férias) tem sido muito complicadas para mim.
Antes de terminar quero apenas ressalvar que o problema aqui não é do meu filho gostar mais do pai do que da mãe, o problema é eu não sentir aquela relação única que uma mãe estabelece com o filho, é eu sentir que o meu espaço me está a ser retirado.

Espero que com este post, não ter perdido as minhas poucas (mas muito boas) leitoras.

12 comentários:

  1. Minha querida (perdoa-me tratar-te assim, mas já gosto muito de te ler e uma pessoa afeiçoa-se), quase que chorei com o que acabei de ler. Porque apesar de não se passar o mesmo comigo, senti deste lado a tua dor e a tua tristeza.

    Tu sabes o que precisas ouvir, tanto que o escreveste: tens que falar com o teu marido.

    Comigo é o contrário. O Tiago só me quer a mim e só se acalma comigo, e acredita, que bem que me sabe e isso é que é natural, bolas esteve cá dentro 9 meses!

    Mas ao contrário do teu marido eu faço tudo para estimular a relação dele com o pai e isso resulta. Assim que o pai chega a casa eu "deposito-lhe " o menino nos braços. Vou eu tratar das outras coisas, esterilizar e fazer jantar e sei lá o que mais e o Tiago fica com o pai. O Tiago grita, berra, chora, mas cada vez menos. O Tiago começa a sorrir para o pai, a gostar de estar com ele. Se eu vejo o meu marido muito aflito, pergunto-lhe se precisa de ajuda, dou-lhe dicas para acalmar o menino, mas deixo-os estar um com o outro. Ainda agora, para poder vir aqui escrever isto, fui deitar o Tiago com o pai que está a dormir no sofá, e resultou, ele já adormeceu, porque todas as noites adormece com ele. E olha que durante muito tempo ele resistia, mas já se habituou.

    Se eu te estou a dizer isto tudo não é para te sentires mal, é para reagires. Não deixes que, sem ser com má intenção, o pai te retire o teu lugar, o teu papel de mãe. Manda-o a ele esterilizar biberões e vai ter com o teu filho e proibe-o de se aproximar enquanto estiveres com ele, e Mariah, o teu filho não te ama menos, ele simplesmente está mais habituado a que seja o pai a lidar com ele e isso dá-lhe segurança. As crianças nestas idades funcionam por rotinas e ele está habituado a ser o pai a fazer certas coisa e reage mal quando és tu. Mostra-lhe que tu és a mãe. Mesmo que ele berre e esperneie, não te enerves, não te sintas insegura, não deixes ninguém aproximar-se e continua a dar-lhe beijinhos até ele se esquecer do motivo da birra e começar a aprender o gozo que é estar nos teus braços.

    Porque tu és insubstituível para o teu filho, não deixes ninguém convencer-te do contrário e muito importante, não te convenças tu.

    Tu não queres interferir na relação que eles têm e estás a abdicar da tua relação com o teu filho!

    É normal as crianças gostarem da mãe para umas coisas e do pai para outras e aqui cada um assume o seu papel, dependendo das características de cada um, independentemente se é o homem ou a mulher, tem a ver com as particularidades de cada um, a mãe conta histórias, o pai brinca, etc...

    Sinto-te muito insegura, não estejas, confia em ti e zanga-te um bocadinho, ás vezes tem de ser, por ti e pelo teu filho, por vocês!

    Muitos beijinhos

    ResponderEliminar
  2. Querida May, hoje ao acordar pensei de imediasto em apagar o post. Estava com muito receio que me interpretassem mal. Assim que li o teu comentário desisti de apagar, acho que me percebeste perfeitamente.Senti-me tão aliviada, que nem imaginas. Muito obrigado pelas tuas palavras.

    ResponderEliminar
  3. Eu sei que não é bem a mesma coisa mas tem dias que fico com o gabriel ao colo, ele a espernear e a berrar e eu a chorar, não é por ele não dormir que choro, é porque acredito que apesar de ser a mãe sou a única pessoa que parece incapaz de o acalmar. E depois tenho outros dias que tento e tento que se ria para mim e não consigo, mas assim que chega o pai ele pode estar a chorar mas desfaz-se em sorrisos. Enfim, depois vem outro dia que o bebé só se acalma comigo a cantar ou que a avó tem o bebé aos berros ao colo e assim que eu lhe pego ele acalma instantaneamente.
    Pensa que o teu filhote é um individuo, tem a sua própria personalidade e as suas manias. Qualquer dia não te larga e tu vais desejar por um tempinho só para ti!
    De qualquer forma é normalissimo os bebés rirem mais para os pais, o pai simboliza brincadeira e isto é uma coisa instintiva, imbuidissima nos genes. Não há muito a fazer contra isso :)
    No primeiro mês do gabriel foi o pai que fez tudo lá em casa para o bebé, eu só dava maminha, quando fiquei sózinha não só achava que o bebé não me conhecia, como não sabia tratar dele, afinal o pai tinha estado sempre ali ao lado.

    ResponderEliminar
  4. Fico muito contente que te tenhas sentido melhor! :))

    Olha eu também estava um bocado preocupada que levasses a mal a minha franqueza, é que às vezes sou acusada de ser muito dura, mas apesar de não nos conhecermos senti que estavas a precisar de ouvir o que tu própria já sabes...

    Desejo mesmo que consigas encontrar algum equilíbrio nesta questão, vais ver que se falares com o pai tudo se vai compor.

    Beijo grande

    ResponderEliminar
  5. Olá Maria,

    Já há muito tempo que não vinha aqui ao teu blog que é um dos poucos que nunca deixo de visitar. Estou de férias mas nem sei se lhe posso chamar férias pois em 18 dias apenas fui 3 vezes à praia cada uma delas por não mais que duas horas e sinto-me cada vez mais cansada... acho que alguma coisa não está bem comigo.
    Mas não é para falar de mim que estou a escrever mas porque ao ler este teu post senti pela tua sinceridade que precisavas de mais uma voz amiga. Também te entendo um pouquinho porque muitas vezes também me fica reservado o papel da mazona: aquela que faz as detestáveis limpezas ao nariz, as malfadas massagens e estimulações para o cocózinho, a que insiste em dar a mama quando ele já só quer a rapidez do biberão, a que o retira dos estimulos do convivio em familia para a hora do óó. E muitas vezes enquanto estou a esterilizar os biberons ou a lavar a roupinha dele é o pai que está a usufruir dos momentos em que o Miguelito está bem disposto e sereno.
    Tudo o que te posso dizer é que não percas a calma pois o teu bebé ama-te apenas secalhar precisa que estejas mais descansada e sem tantas tarefas para puderes brincar mais com ele. Na minha opinião (se me permites) devias pedir mais ajuda ao teu marido para também tu puderes ter mais momentos de pura descontração e brincadeira com o teu Z.
    Quando menos esperares vais ver que tudo se inverte e tu passas a ser a heroina do teu pequenote.

    Mil beijinhos e vai com calma ... o desepero só gera angústia e os bebés parecem perceber isso.

    ResponderEliminar
  6. isso passa e não te esqueças daquela frase classica- Mãe ha só uma.

    ResponderEliminar
  7. ora essa, o pai qd chega podia tb trabalhar e deixar a mãe brincar :O

    ResponderEliminar
  8. Minha querida... não sei se te vou ajudar com este comment, mas de qualquer forma aqui fica.
    A minha filha tem perfeita loucura com a minha Mãe, não a troca por ninguém, nem por mim. Todos os dias vem a chorar quando a vou buscar, porque não quer vir... tenho sempre que a enganar dizendo que vamos ao parque ou assim.
    se te disser que não me chateia mesmo nada é mentira, mas não me afecta da forma como te estas a sentir. Primeiro porque sei que se ela adora a Avó é porque é bem tratada, e porque a casa da minha Mãe é uma animação, ao contrario da minha minha onde somos só três. E depois há uma coisa que não te podes esquecer... venha quem vier a Mãe és tu, e chegará a altura da "Mãezite" em que s+o te vai querer a ti, e a vida inteira
    serás tu a Mãe!

    Beijinhos e força!

    ResponderEliminar
  9. Fiquei muito sensibilizada com o teu post e com os comentários das outras mães. Seguramente que é apenas um fase (dolorosa, por certo) e, quando menos esperares, virá a fase "mãezite". De facto, as mães andam sempre muito ocupadas com os biberons, sopas e roupas. Mas cabe-nos a nós enviar os pais para a cozinha e aprender com eles a arte de brincar e ser criança.

    ResponderEliminar
  10. Por mais que tu penses, penses, penses e tentes dicifrar, não volta a dar-lhe: o teu filho ama-te e, muito em breve, vai demonstrá-lo. Vamos fazer uma experiência, querida Maria? Entrega-te totalmente, sem comparações, sem medos ou reservas. A tua relação com o teu filho nunca será igual à que o teu marido tem com ele. Todas as relações são únicas. O Bi, como já te disse, é por fases. Agora anda mãe; depois anda pai; depois não me liga nenhuma, depois não liga nenhuma ao pai. Faz parte, meu amor. Sabes que se "encucares" isso nunca te comportarás naturalmente? Sabes que, sem querer, o teu filho pode pressentir essa espécie de tensão? E o teu marido tb deve sofrer um pouco, digo eu. Os meninos vão sempre preferir os pais para brincar e as mães para o mimo, mas se for ao contrário, qual é o mal? Sossega. Eu prometo-te que ainda me vais dar razão!!! Prometo! um xi coração.

    ResponderEliminar
  11. lembrei-me deste assunto no outro dia e lembrei-me de te deixar aqui esta dica; já experimentaste ir com ele para a natação? é um momento muito intimo em que ele aprende a confiar em ti ao mesmo tempo em que se diverte muito enquanto é bastante relaxante para os dois...

    ResponderEliminar